Trabalho há mais
de uma década com jovens marginalizados e observo que a condição objetiva para
a garantia dos direitos fundamentais deles é cada vez mais débil. Tal debate
obviamente não traz audiência porque a maioria das pessoas acha que alguns
problemas sociais estão muito distantes delas e com isso são vítimas de
discursos fáceis que pregam a criminalização, o recrudescimento da lei penal e
de execução penal, a redução da maioridade penal dentre outras estórias da
carochinha. Fato é que a guerra civil que vivemos no Brasil só aumenta e suas
vítimas são cada vez mais numerosas.
Sou pela descriminalização
e regulamentação do uso das “drogas”, entretanto, esse é um debate, que numa
sociedade arcaica como a nossa, não encontra terreno fértil para se
desenvolver. Portanto, sob uma outra perspectiva tenho observado avanços no
sentido análogo ao proposto pelo método da redução de danos.
Sou atleta
amador e consegui observar os benefícios que a prática esportiva me traz. Nesse
sentido desenvolvi um projeto piloto e tenho obtido bons resultados através da
prática esportiva. Esses resultados são: melhora da autoestima dos jovens;
redução no uso de substâncias psicoativas ilícitas e “lícitas”; desenvolvimento
de uma base para vislumbrarem projetos de vida alternativos ao processo de
marginalização/criminalização. Dados do Relatório Mundial sobre Drogas da ONU, cerca de 5% da população mundial,
uma média de 243 milhões de pessoas, usa drogas ilícitas. No mundo a “droga
ilícita” mais usada é a maconha e no Brasil também. Entre os adultos
brasileiros “a estimativa da agência é que 2,5% na população usou cannabis nos
últimos 12 meses, percentual que sobe para 3,5% entre os adolescentes”, isso
significa milhões de brasileiros.
Os treinos de corrida exigem melhoria continua da capacidade
física e mental dos participantes. Sabe-se que a endorfina é liberada durante
o exercício aeróbio, também sabe que o abuso de substâncias psicoativas interfere
na capacidade do organismo de produzir e reconhecer as substâncias químicas que
nos permitem sentir prazer, felicidade e satisfação.
Durante os exercícios
aeróbios são liberadas endorfinas naturais ao sistema, o corpo atinge sua
capacidade de regular a química do seu próprio cérebro e o humor de forma autônoma.
Portanto, tenho observado que o
treinamento esportivo, de corrida, é potencialmente uma ferramenta pedagógica
no processo socioeducativo proporcionando uma melhora no humor geral do
socioeducando, autoconhecimento e
autoestima, diminui os níveis de “estresse”, depressão, ansiedade e traz o
aumento do vínculos positivos entre os participante.
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